“Foi
um sonho medonho,
Desses
que, às vezes,
A
gente sonha e baba na fronha
E
se urina toda e já não tem paz.”
(Chico Buarque: Não Sonho Mais)
Aquelas
últimas palavras, durante muito tempo, perseguiram o meu subconsciente: “Um
dia, terei o desprazer de ficar cara a cara com você.”. Seria possível isso vir a acontecer? Prefiro
pensar que não. Cada vez mais, tenho plena convicção de que fiz a coisa certa;
não podia mais tapar os olhos, os ouvidos e fingir que nada estava acontecendo.
Eu tinha que falar tudo o que sabia,
pois, as coisas já tinham saído do controle, há muito tempo.
Só
Deus sabe o quanto esperei por aquele dia e quando chegou, titubeei: “E agora?”.
Não havia como voltar atrás; era preciso seguir em frente e aguentaras as consequências.
E foi o que fiz
Não
tive dúvidas de que venci aquele confronto, mas sabia que ninguém deixaria
barato. Por isso, me preparei para o contra-ataque. Dois dias depois, recebi um telefonema, tarde
da noite: “Aqui quem está falando é....”. A reação não poderia ser outra, conforme eu já
pressupunha: frases desconexas e palavrões.
Era a minha vez de ficar inerte e escutar todo
aquele absurdo. Antes de bater o
telefone, finalizou: “Um dia, terei o desprazer de ficar cara acara cm você.”. Aquela
oferta que recebi de ir trabalhar no Rio de Janeiro veio a calhar, naquele
momento. Não que eu tenha me deixado intimidar com aquela ameaça, mas considerando
que aquilo foi dito por alguém habituado a cometer inúmeros atos ilícitos, era
preciso ter muito cuidado.
Muitos
anos se passaram, e lá estava eu junto com aquele pessoal. E agora? O tempo
todo, lembrei-me daquelas palavras: “Um dia, terei o desprazer de ficar cara a
cara com você.”. Quando acordei, olhei
para o lado e respirei fundo: “Ufa!”.
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