Próximo
de terminar o expediente, ele veio até a sala, onde eu trabalhava, para
conversar com uma colega minha. O excelente astral que reinava naquele recinto
permitiu com que eu tomasse a liberdade de chamá-lo de Jarbas Passarinho, em
razão dele ter o mesmo nome do ex-governador e senador do Pará.
-Grande
político, meu ídolo! _ Disse ele.
-Você
é paraense? _ Perguntei.
-Não,
sou cearense. Por quê?
-
A admiração que você manifestou por esse homem, permitiu com que eu pensasse
que fosse paraense.
-Que
nada, sou cearense.
-
Por que você o admira? Sabia que ele apoiou o golpe militar?
-Por
isso mesmo.
Antes
que eu pudesse contestá-lo, ele falou:
-Se
eu fosse político, não sobraria bandido nenhum, nesse país, para contar
história: fuzilaria tudinho.
Até
então, eu jamais tinha trocado uma palavra com ele, além do trivial.
Algumas
vezes, pensei em chamá-lo de Jarbas Passarinho, mas evitei, porque tinha receio
dele não gostar. Jamais poderia imaginar que aquele seria o único contato que
teríamos, visto que ele seria demitido, sete dias depois.
Assim
que fui informado da morte do Jarbas Passarinho, esse fato, ocorrido, há cinco
meses atrás, tomou conta do meu inconsciente de tal maneira, que fiquei tão
espantado e pensei: “Como o tempo voa!”.
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