segunda-feira, 6 de junho de 2016

Conto- O Passar Do Tempo

Eric do Vale


Próximo de terminar o expediente, ele veio até a sala, onde eu trabalhava, para conversar com uma colega minha. O excelente astral que reinava naquele recinto permitiu com que eu tomasse a liberdade de chamá-lo de Jarbas Passarinho, em razão dele ter o mesmo nome do ex-governador e senador do Pará. 
-Grande político, meu ídolo! _ Disse ele.
-Você é paraense? _ Perguntei.
-Não, sou cearense. Por quê?
- A admiração que você manifestou por esse homem, permitiu com que eu pensasse que fosse paraense.
-Que nada, sou cearense.
- Por que você o admira? Sabia que ele apoiou o golpe militar?
-Por isso mesmo.
Antes que eu pudesse contestá-lo, ele falou:
-Se eu fosse político, não sobraria bandido nenhum, nesse país, para contar história: fuzilaria tudinho.
Até então, eu jamais tinha trocado uma palavra com ele, além do trivial.
Algumas vezes, pensei em chamá-lo de Jarbas Passarinho, mas evitei, porque tinha receio dele não gostar. Jamais poderia imaginar que aquele seria o único contato que teríamos, visto que ele seria demitido, sete dias depois.
Assim que fui informado da morte do Jarbas Passarinho, esse fato, ocorrido, há cinco meses atrás, tomou conta do meu inconsciente de tal maneira, que fiquei tão espantado e pensei: “Como o tempo voa!”.


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