Monique quase enfartou, quando deparou-se com
Sérgio dentro da dela.
-Eu
fugi. _ Disse Sérgio.
-Percebe-se.
Como foi que você entrou aqui?
-
Não se preocupe, ninguém me viu.
-O
que você quer?
-Me
despedir de você.
Visto
que Sérgio já tinha várias passagens pela polícia, Monique sabia que não
demoraria muito para ele fugir e vir procurá-la. Por isso, questionou-se,
quando esteve diante dele: “Eu sabia! Por que não fui embora daqui, antes? Era
o que eu já devia ter feito! ”.
-Eu
não vou, e nem pretendo, te fazer mal. _ Disse Sérgio, ao sentar-se.
-Bebe
alguma coisa?
-Preciso
de algo forte. Prometo que serei breve.
Monique
levantou-se e serviu-lhe um conhaque.
Monique
pediu para que Sérgio se sentasse e não tirou os olhos da coronha do revólver
que ele trazia na cintura. Logo,
lembrou-se da última conversa que tiveram, quando Sérgio, ameaçando-a de morte,
apontou-lhe uma arma e a cobriu de sovas.
-Eu
lamento profundamente, Monique. Você não merecia! _ Disse Sérgio
-Por
favor, seja breve!
Monique
procurava demonstrar coragem, mas terminou transparecendo o medo que sentia
dele e Sérgio falou:
-
Eu tive uma infância paupérrima: órfão
de pai e mãe, passei fome e sofri muito. Logo, percebi que com um golpe de
sorte poderia ter tudo o que quisesse, sem fazer esforço, apenas com um golpe
de sorte. Eu não sou esse canalha como todo mundo imagina.
-Mas,
para subir na vida você é capaz de pisar no pescoço de todo mundo, inclusive do
seu melhor amigo e da mulher que te ama.
Sérgio
terminou de beber o resto do conhaque e ficou em silêncio, por um longo tempo.
-Eu
estou muito cansada e o nosso tempo esgotou. _ Falou Monique olhando para o
relógio. - Desejo a você uma boa viagem.
Ao
vê-lo caminhando em direção a porta, Monique aproximou-se dele, abriu a bolsa,
tirou umas notas de dinheiro e disse:
-Não
precisa agradecer, Sérgio
Antes
de sair, Sérgio falou:
-Você
é uma grande mulher e eu te perdi, porque fui muito burro.
Aquelas
últimas palavras dele foram as únicas que ela acreditou.
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