sábado, 18 de junho de 2016

Conto- Um Cadáver A Serviço Dos Abutres

                                            Para Mário de Andrade

Eric do Vale

Não faço ideia de quem começou a falar dele, naquele momento. Então, alguém, que também não me lembro, disse:
-Cá pra nós, ele... _ Fazendo um gesto como se quisesse dizer que esse nosso amigo fosse homossexual. 
Aquilo rendeu muito pano para a manga e não me refiro somente aquele dia. Sempre que falávamos nele, terminávamos falando sobre a orientação sexual dele. Eu, particularmente, nunca desconfiei de nada, mas, depois, percebi que aquela insinuação fazia sentido: nunca casou e jamais foi visto acompanhado de uma mulher!
Minto, lembro-me que, algumas vezes, ele chegou a ser visto na companhia de belas mulheres. E expus esse fato ao pessoal, durante essa nossa conversa.
-Isso não quer dizer nada. _ Disse um dos presentes.
Então, foi aceita atese de que ele fosse bissexual.    
Esse assunto veio à tona de tal maneira, que eu, intimamente, me perguntava: “Pra que isso?”. Por que especular uma coisa dessa de alguém que está morto, há mais de duas décadas?  

Um comentário:

  1. Por que especular uma coisa dessa de alguém que está morto, há mais de duas décadas?
    Com certeza esse alguém durante sua vida foi alguém que deixou sua marca registrada no livro da vida.

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